**Alzheimer | Desvendando os Mistérios da Mente**

A doença de Alzheimer (DA) é uma condição neurodegenerativa com início insidioso e evolução lenta, gradual e progressiva. Sendo a causa mais comum de demência em idosos, ela é responsável por mais de 60% dos casos. A principal característica da DA é a deterioração progressiva da capacidade cognitiva, envolvendo atenção, orientação, memória, compreensão, raciocínio, resolução de problemas, juízo crítico e linguagem, afetando as habilidades adaptativas do indivíduo e resultando em prejuízos comportamentais, de autocuidado e desocialização.

**Prevalência**

A DA geralmente acomete pessoas com mais de 65 anos, sendo o início precoce (ocorrendo em apenas 10% dos pacientes) considerado incomum. A prevalência global da DA atinge 24 milhões de pessoas, com a previsão de quadruplicar até 2050. Estima-se que cerca de 10% das pessoas com mais de 65 anos e 25% daquelas com mais de 85 anos possam apresentar algum sintoma da DA. Nos EUA, pondera-se que 10% das pessoas com 65 anos ou mais tenham DA, e esse percentual aumenta com a idade:

- 65 a 74 anos: 3%
- 75 a 84 anos: 17%
- ≥ 85 anos: 32% (1)

**Fatores de Risco**

Embora as causas da DA não estejam completamente compreendidas, o aumento da idade é o fator de risco mais importante. Com o aumento da expectativa de vida, espera-se um crescimento no número de pessoas com essa condição. Outros fatores de risco incluem a Síndrome de Down (principalmente para o início precoce), histórico familiar da doença (sobretudo parentes de primeiro grau) e o gênero feminino, associado a uma maior expectativa de vida. Outros fatores de risco envolvem aspectos genéticos e mutações, traumatismo cranioencefálico, depressão, doenças cardiovasculares, doenças cerebrovasculares, idade parental mais elevada e tabagismo.

**Fatores de Proteção**

Níveis educacionais elevados possibilitam uma espécie de "reserva cognitiva". A realização regular de atividades mentais desafiantes, a prática regular de atividade física, o controle da hipertensão e do colesterol, uma dieta rica em ácidos graxos ômega 3 e pobre em gorduras saturadas, bem como a participação em atividades regulares de lazer, como a leitura ou a prática de instrumentos musicais, são considerados fatores de proteção.

**Diagnóstico e Sintomas Iniciais Típicos**

A DA pode ser confundida com depressão, transtornos de ansiedade ou mudanças cognitivas comuns ao envelhecimento. Não há um exame específico para o diagnóstico da DA. A identificação da doença baseia-se na avaliação clínica minuciosa do histórico pessoal e familiar do paciente. Exames de neuroimagem e avaliação neuropsicológica podem auxiliar no diagnóstico. Embora a tomografia computadorizada e a ressonância magnética sejam sugestivas, elas não são específicas, uma vez que anormalidades estão presentes em outras doenças e em pessoas com alterações normais relacionadas à idade. O diagnóstico definitivo só pode ser obtido por meio de exame do tecido cerebral, geralmente por biópsia ou na autópsia após a morte.

**Estágios da Doença de Alzheimer**

A DA é uma patologia progressiva, com pacientes em estado inicial apresentando comprometimento mínimo de memória e habilidades físicas, motoras e intelectuais. Tipicamente, a doença progride em três etapas:

1. **Estágio Leve ou Inicial:** Caracterizado por problemas de memória a curto prazo, desorientação, redução da habilidade motora e algumas mudanças comportamentais, que podem passar despercebidas.
2. **Estágio Moderado ou Intermediário:** A deterioração da memória e do comportamento torna-se mais evidente. A pessoa pode deixar de reconhecer familiares e apresentar reações agressivas sem causa aparente.
3. **Estágio Grave ou Tardio:** Caracterizado pela redução drástica na cognição e funcionalidade. A pessoa pode esquecer como usar a linguagem, chegando à dependência total para atividades diárias simples.

Destaca-se a falta de consenso sobre essas três fases, havendo outras possibilidades, como o modelo de sete fases que será apresentado a seguir.

**Estágios Adicionais da Doença de Alzheimer:**

1. **Estágio 1: Sem Prejuízo -** Nesta fase, a DA não é detectável, e não são evidentes problemas de memória ou outros sintomas de demência.
2. **Estágio 2: Declínio Muito Leve -** Problemas de memória sutis, como perder objetos em casa, ocorrem, mas não a ponto de a perda ser facilmente distinguida da memória normal relacionada à idade. O desempenho em testes de memória ainda é bom, e a doença pode não ser detectada por familiares ou médicos.
3. **Estágio 3: Declínio Leve -** Os familiares e amigos do idoso podem começar a perceber problemas cognitivos. O desempenho nos testes

de memória é afetado, e o comprometimento cognitivo pode ser identificado em avaliação clínica. Nesse estágio, as pessoas podem ter dificuldades em encontrar palavras certas durante conversas, organização e planejamento, além de recordar nomes e aprender novos conhecidos.
4. **Estágio 4: Declínio Moderado -** Os sintomas claros da doença são aparentes, incluindo dificuldade com aritmética simples, déficit na memória de curto prazo, incapacidade de gerenciar finanças e pagar contas, e esquecimento de detalhes sobre suas histórias de vida.

**Estágios Finais:**

5. **Estágio 5: Declínio Moderadamente Grave -** A pessoa começa a necessitar de ajuda em muitas atividades diárias, como vestir-se adequadamente, lembrar detalhes simples sobre si mesma, e enfrenta confusão significativa. No entanto, mantém alguma funcionalidade.
6. **Estágio 6: Declínio Severo -** A pessoa precisa de supervisão constante e cuidados profissionais, apresentando confusão ou desconhecimento do ambiente, incapacidade de reconhecer rostos (exceto para amigos próximos e parentes), perda do controle da bexiga e intestino, mudanças de personalidade e potenciais problemas de comportamento.
7. **Estágio 7: Declínio Muito Grave -** É o estágio final da doença. Nesta fase, as pessoas perdem a capacidade de se comunicar ou responder ao ambiente. Embora possam ainda pronunciar palavras e frases, não têm percepção de sua condição e precisam de ajuda em todas as atividades diárias. Nos estágios finais da DA, as pessoas podem perder a capacidade de engolir.

**Prognóstico**

Após o diagnóstico, o tempo médio de sobrevida varia de oito a dez anos, podendo chegar a 20 anos. Observa-se que a DA é a sexta causa de morte nos Estados Unidos. Até o momento, não há cura, embora existam tratamentos disponíveis que podem melhorar alguns sintomas e retardar a progressão, ressaltando a importância do diagnóstico precoce. Nas próximas semanas, aprofundaremos esse tema com entrevistas com um médico e uma psicóloga que atuam no tratamento de pacientes com Alzheimer.

**Conclusão**

A doença de Alzheimer, conhecida como a "borracha da mente", continua a desafiar a comunidade médica e científica. Seus impactos profundos na vida dos afetados e de seus entes queridos destacam a urgência da pesquisa e da conscientização. A compreensão dos estágios da doença, fatores de risco e proteção, bem como o diagnóstico precoce, são passos cruciais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Ao lançar luz sobre esses aspectos, esperamos contribuir para uma abordagem mais informada e compassiva em relação àqueles que enfrentam essa condição complexa.