Atividade física | Benefícios na saúde mental

Os benefícios da atividade física para a saúde humana são estimados desde a Grécia antiga e corroborados por centenas de estudos científicos. Quando praticada regularmente, a atividade física desempenha um papel crucial na saúde pública, auxiliando na prevenção e tratamento de diversas condições, como doenças metabólicas, cardiovasculares, neurológicas, pulmonares, diabetes, obesidade, distúrbios musculoesqueléticos e câncer. Algumas dessas condições figuram entre as principais causas de morte no mundo.

Além da esfera física, pesquisas científicas recentes têm evidenciado que a atividade física traz benefícios significativos para a saúde mental, prevenindo transtornos depressivos e ansiosos, servindo como método terapêutico complementar para gerenciar e reduzir sintomas, incluindo o estresse, e contribuindo para a reabilitação e melhoria da qualidade de vida.
Um estudo publicado na renomada revista científica The Lancet Psychiatry, uma das mais importantes do mundo, constatou que indivíduos que se exercitavam regularmente (com durações de 45 minutos e frequências de três a cinco vezes por semana) apresentavam 43% menos dias de saúde mental comprometida (ansiedade e tristeza, por exemplo) no último mês, em comparação com aqueles que não praticavam exercícios. Todos os tipos de exercícios foram associados a menores taxas de transtornos mentais, sendo as maiores associações observadas para esportes coletivos populares, ciclismo e atividades aeróbicas/ginástica. Outra pesquisa publicada no BMC demonstrou que a prática de exercícios físicos reduz problemas de saúde mental, incluindo tentativas de suicídio.

Atividade física e exercício físico

Atividade física é definida como "qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resulte em gasto energético". Já o exercício físico é definido como "um subconjunto de atividade física planejada, estruturada e repetitiva e que tem como objetivo final ou intermediário a melhoria ou manutenção da aptidão física".

Por que a atividade física pode ajudar no tratamento dos transtornos mentais?

Durante a prática de exercícios, é necessário cultivar a atenção plena, sob risco de lesões. Com a mente ocupada, as pessoas exercitam o controle pessoal, o efeito secundário e a redução das emoções negativas. Também é uma forma de organizar a rotina e de exercitar a socialização com outras pessoas, afastando-se dos estímulos estressores do dia a dia. Muitas pessoas utilizam o exercício físico como uma forma complementar de terapia.
Ademais, pessoas com transtornos mentais frequentemente apresentam mais doenças físicas, gerando dor e desconforto, afetando a saúde mental. Uma das razões para isso pode ser o estilo de vida. Assim, incluir uma rotina de exercícios pode desencadear uma cascata de mudanças biológicas e emocionais. Durante o exercício físico, várias endorfinas são liberadas no cérebro, incluindo a serotonina, conhecida como o hormônio da felicidade, trazendo benefícios como melhora da memória, elevação do humor, aumento da disposição física e mental, melhora da concentração, fortalecimento do sistema imunológico, alívio de dores e tensões musculares, e melhor qualidade do sono.
Cuidar do corpo é, sem dúvida, uma manifestação de autocuidado que reverbera positivamente na saúde mental. Como vimos anteriormente, não se trata meramente de "psicologismos". Os efeitos positivos da atividade física na saúde mental são sustentados por um robusto corpo de evidências científicas. Ao reconhecer a interconexão entre o físico e o mental, incorporar a atividade física à rotina torna-se uma poderosa ferramenta para promover o equilíbrio e o bem-estar integral. Assim, ao investir na prática regular de exercícios, não apenas fortalecemos nosso corpo, mas também nutrimos nossa mente, contribuindo para uma vida mais saudável e plena. Lembre-se, cada passo em direção à saúde física é simultaneamente um passo na jornada do cuidado mental.

Referências

Chekroud, S. R., Gueorguieva, R., Zheutlin, A. B., Paulus, M., Krumholz, H. M., Krystal, J. H., & Chekroud, A.M. (2018). Association between physical exercise and mental health in 1·2 million individuals in the USA between 2011 and 2015: a cross-sectional study. The Lancet Psychiatry, 5(9), 739–746. (https://doi.org/10.1016/S2215-0366(18)30227-X)
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Schuch, F. B., & Vancampfort, D. (2021). Physical activity, exercise, and mental disorders: it is time to move on. Trends in Psychiatry and Psychotherapy, 43(3), 177–184. https://doi.org/10.47626/2237-6089-2021-0237

 

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