As Múltiplas Faces da Ansiedade

Quem nunca disse ou pensou “estou muito ansioso hoje”, que atire a primeira pedra. A ansiedade é uma condição inevitável que permeia a existência humana, embora muitas vezes seja utilizada de maneira equivocada. Tecnicamente, é caracterizada por sentimentos de tensão e pensamentos angustiantes, acompanhados por alterações físicas, tais como aumento dos batimentos cardíacos, suor e inquietação, sintomas muito similares ao medo.

Contudo, ao contrário do medo, que é uma resposta do corpo voltada para uma ameaça real, específica, ocorrendo no presente e com curta duração, a ansiedade é considerada uma resposta de ação prolongada, orientada para o futuro, focada em uma ameaça difusa e, frequentemente, superestimada. Não é que a ansiedade seja intrinsecamente negativa. Ela deve ser compreendida como algo que pode resultar em benefícios ou prejuízos. A ansiedade pode estimular o indivíduo a agir, sendo, nesse caso, positiva. No entanto, em excesso, tem o efeito oposto: impede reações, paralisa e causa sofrimento. Dependendo das circunstâncias ou intensidade, pode tornar-se patológica, prejudicando o funcionamento psíquico, corporal e comportamental.
Pessoas com transtornos de ansiedade podem sentir-se ansiosas na maior parte do tempo, mesmo sem motivo aparente, ou experimentar ansiedade eventual, porém, com intensidade tão marcante a ponto de se sentirem imobilizadas. A sensação de ansiedade pode ser tão desconfortável que as pessoas evitam realizar atividades simples, como usar o elevador, devido ao desconforto.
Você está familiarizado com os transtornos de ansiedade? A seguir, serão explorados os principais tipos de ansiedade patológica.

• Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): Este transtorno é caracterizado por ansiedade crônica, preocupação e tensão exageradas, mesmo quando não há gatilhos aparentes. Indivíduos com TAG frequentemente se preocupam excessivamente com questões cotidianas, sendo difícil controlar essas preocupações.
• Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC): O TOC envolve pensamentos intrusivos indesejados (obsessões) que geram ansiedade intensa. Para aliviar essa ansiedade, a pessoa realiza comportamentos repetitivos (compulsões), como lavar as mãos excessivamente ou verificar repetidamente se portas estão trancadas.
• Transtorno do Pânico: Caracterizado por episódios inesperados e repetidos de medo intenso, acompanhados de sintomas físicos como palpitações, tremores, sudorese e falta de ar. As crises de pânico podem ocorrer sem aviso prévio e levam a um medo persistente de ter mais ataques.
• Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT): Desenvolve-se após a exposição a um evento traumático. Pessoas com TEPT podem experimentar flashbacks, pesadelos e evitam situações que lembrem o trauma. O TEPT pode afetar significativamente o funcionamento diário.
• Fobia Social (ou Transtorno de Ansiedade Social): A Fobia Social envolve um medo intenso de situações sociais, como falar em público ou interagir com estranhos. As pessoas com esse transtorno muitas vezes evitam essas situações devido ao medo do julgamento ou constrangimento.
• Outras Fobias: Pessoas com fobias específicas têm um medo intenso e irracional de objetos, animais ou situações específicas, como voar, altura ou aranhas.
• Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamento: Este transtorno envolve sintomas de ansiedade devido à intoxicação, abstinência por drogas ou tratamento médico.

Em suma, a ansiedade patológica se manifesta basicamente de duas formas: ansiedade constante e permanente (quadros de ansiedade generalizada, por exemplo) e crises abruptas de ansiedade, transitórias e de intensidade variável (crises de pânico, por exemplo). Identificou-se com algum desses quadros? Caso a resposta seja afirmativa, respire fundo, pois existem diferentes modalidades de tratamento, todas com boa resposta terapêutica. O tratamento pode ser medicamentoso (realizado com um médico psiquiatra), psicoterápico (como a Terapia Cognitivo-Comportamental, por exemplo) ou combinado (medicamentoso e psicoterápico), sendo este último associado a uma melhor resposta. Há também estratégias complementares, como o Mindfulness (que será abordado em outro texto). Após o início do tratamento, a maioria das pessoas começa a se sentir melhor e retoma suas atividades em algumas semanas, portanto, é crucial procurar ajuda especializada o quanto antes. Se você necessita de auxílio especializado, estarei aqui para guiá-lo nesse processo de recuperação. Sua saúde mental é uma prioridade.

Referências

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