Quebrando Tabus: A Urgência de Cuidar da Saúde Mental Masculina

A disparidade no modo como homens e mulheres enfrentam o sofrimento é evidente, e isso se estende ao universo profissional. Na advocacia, por exemplo, enquanto os advogados lidam com o estigma de não demonstrar fraqueza, as advogadas enfrentam o cruel rótulo do "sexo frágil", frequentemente associado exclusivamente a questões hormonais. Embora haja escassez de dados brasileiros sobre a saúde mental dos profissionais do Direito, o Mapeamento de Saúde conduzido pela Caixa de Assistência ao Advogado do Rio Grande do Sul em 2018 revelou uma realidade similar a estudos internacionais.

Pesquisas nos Estados Unidos apontam índices preocupantes de sintomas de depressão, ansiedade e uso prejudicial de álcool, principalmente entre os homens. Esta última constatação não é surpreendente, uma vez que o álcool muitas vezes é utilizado como uma forma socialmente aceita de automedicação para tristeza e ansiedade, especialmente por homens resistentes à terapia.
A expectativa socialmente construída em torno da palavra "homem" cria padrões rígidos de comportamento. O clichê de que "homem não chora" molda a criação de muitos, transmitindo a ideia de que expressar emoções é sinal de fraqueza e, portanto, de menor masculinidade.
Historicamente, os homens desenvolveram mecanismos para lidar com emoções desagradáveis, muitas vezes adaptativos em alguns contextos, mas desadaptativos em outros. Com a reflexão sobre valores sociais e normas comportamentais, surge a necessidade de questionar esses mecanismos de enfrentamento, que podem ser prejudiciais à saúde. A dificuldade dos homens em falar abertamente sobre seus sentimentos é evidente devido às restrições impostas pelos papéis sociais.
Muitos homens evitam buscar ajuda profissional em questões de saúde mental, alimentando o mito de que devem ser uma fortaleza o tempo todo. A falta de diálogo com amigos e familiares leva-os a lidar com seus problemas de maneiras pouco assertivas, como o uso de substâncias.
É crucial abordar a saúde mental masculina, desmistificando a ideia de que pedir ajuda é sinal de fraqueza. Devemos esclarecer as funções da psicoterapia, criar espaços abertos de discussão sobre masculinidade e saúde mental, e fornecer ferramentas de acesso aos serviços especializados. Desconstruir a noção de que "homem não chora" é fundamental, associando o ato de chorar à coragem de enfrentar problemas e compreender os processos emocionais da vida. Para isso, é necessário um grande ato de força e coragem.
É fundamental encarar a complexidade da saúde mental masculina com empatia e compreensão. Ao desmistificar a ideia de que pedir ajuda é sinal de fraqueza, construímos um caminho de força e coragem. Em meio aos desafios da vida, buscar apoio profissional não é apenas um ato de autocuidado, mas também um gesto de coragem. Seja através de terapia, conversas com amigos ou familiares, ou outras formas de suporte, cada passo em direção à saúde mental é um passo em direção ao bem-estar. Juntos, podemos quebrar barreiras e construir um espaço onde a expressão emocional seja valorizada e a busca por ajuda seja incentivada. Vamos transformar a narrativa sobre a saúde mental masculina, promovendo a compreensão e o acolhimento.